sexta-feira, 5 de outubro de 2007

O populismo já tem paternidade

O Populismo, filho órfão da democracia, andava por aí, sem pai conhecido, até que José Pacheco Pereira, averiguou oficiosamente a paternidade e deu-lhe o nome: a forma de fazer política de Santana Lopes.
Na revista Sábado desta semana, regista a patente da sua pesquisa e afirma que antes dele, só os académicos e curiosos de bizarrias, davam a devida importância à palavra para definir um estilo de governo, como o de Santana.

Hoje em dia, a palavra é lugar-comum, segundo JPP que assume a paternidade da divulgação extensiva e associou a uma corruptela democrática.

Ora, a palavra Populismo, nem é nova, nem foi inventada por Pacheco Pereira. E estou em crer que outros, antes dele, a usaram com significado ainda mais apropriado. Mas temos a patente registada no escrito da Sábado.
Deveríamos por isso, ter as características do rebento, da criatura, mas não temos. O populismo, para JPP, sinteticamente, é algo não definido e o artigo foge à definição, apenas para criticar a corruptela da sua própria descoberta. Notável.

Eppure...no livro de 1976, Il Dizionario di Politica, de Norberto Bobbio, já o termo lá estava, com definição bem precisa.



Para além disso, o verdadeiro populismo, na acepção de Bobbio, não é o mesmo mencionado sumariamente por Pacheco Pereira.
Um dos que melhor definiu o populismo, foi Vasco Pulido Valente, num artigo que publicou na revista Vida, suplemento do Independente, de Julho de 1989.

Mesmo sem lhe designar o nome, o artigo, notável, é sobre Cavaco Silva e o seu modo de governar.
Pacheco Pereira
, nessa altura, nem lhe ocorreria a definição: estava no Parlamento, sentado na bancada da maioria social-democrata.
Pulido Valente não lhe chama populismo, mas os termos, os tiques, os modos e o estilo, estão lá todos. Com excepção de um, apenas: o flash mediático. Esse, aliás, só veio depois, com a abertura das tv´s aos privados.

2 comentários:

João Aziomanoris disse...

Muito bom este comentário, vejo que não é um carneirista desaculturado, gosto de pessoas com convicções, mesmo que diferentes das minhas, se todos penssassemos o mesmo haveria estagnação intelectual.

Ainda lhe vou responder hoje no blasfemias.

João Aziomanoris disse...

Um abraço