sexta-feira, 19 de outubro de 2007

João Coito

João Coito, morreu a semana passada. O jornalista que fora durante o Estado Novo, na Primavera marcelista, um comentador semanal de tv, no programa TV7, dirigia também, em 1970, a revista Nova Antena, dedicada a assuntos de tv, rádio e actualidade. João Coito tinha vindo do jornal República e com referências da Seara Nova. As suas prédicas semanais na tv, eram uma seca para quem esperava o que viria a seguir, como "variedades", no canal 2 da RTP, aos Domingos. Com o recuo do tempo, eram crónicas de sensatez conservadora. Mas só o tempo faz justiça a estas coisas.

O jornal O Diabo, onde assinava uma coluna semanal, de comentário, esta semana, refez o percurso de João Coito, após o advento do 25 de Abril de 1974. Nessa altura, trabalhava como jornalista no Diário de Notícias.

Logo aí, escreve O Diabo pela pena de Jorge Soares e J. Casanova Ferreira,uma alegada exigência de um plenário de tipógrafos do Anuário Comercial, empresa do grupo “DN”, e local onde João Coito nunca esteve, serviu à então administração- presidida por José Manuel Duarte, familiar de Mário Soares- de pretexto para o seu saneamento do jornal, a par do então director Fernando Fragoso, que substituiu Augusto de Castro em 1971. Era então ministro da Comunicação Social do I Governo Provisório o ex-director do vespertino República, o jornalista Raul Rego e José Carlos de Vasconcelos, os quais, mediante algum apoio contestatário interno, nomeadamente de Manuela Azevedo, pugnaram pelo afastamento de João Coito do jornal. De nada valeram as posições da redacção do DN junto do sindicato e da tutela para evitar tão injusto desfecho.” A seguir, veio Saramago, com o papel que se conhece, no PREC.

Em baixo e em imagem que se amplia com dois toc´s, fica o obituário de Salazar que João Coito admirava, publicado na revista Nova Antena de 7 de Agosto de 1970, como prova de que João Coito era leal e fiel aos seus valores e princípios.

João Coito seria eventualmente, a pessoa ideal para fazer em jornais, uma transição pacífica entre o antigo regime e os novos revolucionários surgidos depois de 25 de Abril e que assumiram a social-democracia à Esquerda e que agora se confundem com a direita liberal, embora complexada com a ideologia marxista, sempre que tal vem ao caso. João Coito era um tolerante, um pacificador.

Além disso, sobrevivia com uma choruda reforma de 500 euros por mês, depois de abdicar do estipêndio das suas crónicas no jornal , devido às amplas facilidades que este governo tem concedido e que provocam a crise, também em certa imprensa, porque a televisão precisa mais. E muito mais, para pagar aos locutores da continuidade na evolução politicamente correcta, os milhares de euros que amplamente merecem, como se tem mostrado.

Talvez por isso, fosse “um amigo” para Veiga Simão que escreve "Que Deus proteja João Coito" e dele fala com a ternura das antigas amizades, para comentar que ambos conversavam sobre os "males da Pátria". Quem lê este Veiga Simão, não acredita no que lê, ao pensar que esteve onde esteve! Mas ainda bem. Para Joaquim Veríssimo Serrão e ainda Fialho de Oliveira, também partiu um amigo; um “jornalista maiúsculo”, para Fernando Dacosta; um “mestre”, para Carlos Pinto Coelho;um Homem bom”, para Walter Ventura., todos com depoimento escrito no O Diabo desta semana.


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